quinta-feira, 10 de julho de 2014

Tentativas

     Rio de Janeiro. Terra já muito letrada e cantada. Terra de Tom Jobim, o grande Maestro Brasileiro, terra de Chico Buarque, terra de Cartola, Vinicius de Moraes, Tim Maia, Erasmo Carlos, Milan Alram, Toquinho, Arpoador, Gávea e Copacabana. Terra da Belle Époque brasileira. Terra de muitas e últimas crônicas. Terra imortalizada em Garota de Ipanema. Terra que em dias aleatórios foi fonte inspiradora de poetas, compositores e artistas de todos os gêneros. Terra de quem viveu sua época sem se preocupar com o que veio antes e o que viria depois.
     Terra de quem, como todos, acordava diariamente em um mesmo horário e reclamava de ter que aguentar mais um dia. De quem, possivelmente, com certa tristeza ou desânimo, respondia “Vai indo, do jeito que dá” a todo conhecido que no reencontro perguntava, “E ae, Como anda a vida?”. Terra de quem em algum momento resolveu viver do jeito que dava, sem deixar de pensar que isto poderia ser o melhor a ser feito. De quem passou a viver ao invés de sobreviver. De quem percebeu que buscar o pouco aqui perto é infinitamente melhor do que buscar o impossível lá longe. Terra de quem viveu sua época sem se preocupar com o que veio antes e o que viria depois.
     Terra de quem algum dia se sentou ao trono e vislumbrou todos aqueles azulejos, talvez colocados ali aleatoriamente, talvez escolhidos a dedo. De quem, assim como eu, tomou seu café após um almoço com a família e resolveu que o agora deveria ser eternizado. De quem algum dia sonhou que simples azulejos, poderiam em um momento de completo vazio, ser fonte de uma simples e singela crônica. Não sua última, mas a primeira de muitas. Não uma obra prima, mas a que se tornou possível no momento. Não a perfeita crônica de um Nelson Rodrigues ou Fernando Sabino, mas a de quem resolveu fazer. Fazer e ponto final. Saiu do papel e de seus sonhos e materializou-se.
     Materializou-se como a vida, que se materializa a cada tentativa. Que diferente de um trabalho escolar, onde rascunhamos e reescrevemos quantas vezes for possível, deve ser construída a cada dia. Vivida do jeito que dá. Vivida para que possa algum dia ser imortalizada. Deve ser tentada e tentada, esperando que nunca chegue ao sucesso. Pois foi tentando que muitos se imortalizaram. E será tentando que um dia farei da minha terra e dos azulejos do meu pequeno banheiro, uma terra a ser lembrada e invejada por muitos.
     Ou não, mas continuarei tentando.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

De volta aos poemas

DÉCIMO PRIMEIRO SONETO LUXURIOSO

Para provar tão célebre caralho,
Que me derruba as orlas já da cona,
Quisera transformar-me toda em cona,
Mas queria que fosses só caralho.

Se eu fosse toda cona e tu caralho,
Saciaria de vez a minha cona,
E tiraria tu também da cona
Todo prazer que ali busque o caralho.

Mas não podendo eu ser somente cona,
Nem inteiro fazeres-te caralho,
Recebe o bem querer da minha cona.

E vós tomai, do não assaz caralho,
O ânimo pronto; baixai a vossa cona,
Enquanto enfio fundo o meu caralho.

Depois, sobre o caralho
Abandonai-vos toda com a cona,
Que caralho eu serei, vós sereis cona.

Pietro Aretino

terça-feira, 4 de março de 2014

Corno


           Seo Zé. José de Almeida Santiago, 60 anos bem aproveitados. Mais de 40 vividos na cidade dos táxis laranjas. Morador do Boqueirão há três décadas. Acorda todo dia com o céu já nublado (como de praxe) e o galo “Nego” já cantando. Passa seu café no pano nunca lavado, “isso que dá aquele gostinho do campo” diz o mais antigo, e agora único, revelador da cidade de Curitiba. Sim, fotos! Pleno século 21 e lá está ele todo dia no centro histórico da cidade, o Largo da Ordem, revelando manualmente, uma por uma, as fotos dos, também saudosos, clientes que insistem nesse velho hábito. “Ainda acredito que isso é uma arte”, diz com todo orgulho a jovens, e às vezes não tão jovens, transeuntes que se assustam com a sua profissão quase que pré-histórica.
Foto: André Pinto Donadio (Dedezão -
https://www.flickr.com/photos/dedezaofotos/)
            Corno convicto, carrega o adjetivo quase como um apelido. Assim como se orgulha de ser um artista, orgulha-se também do amor que tem por Neusa, sua mulher: “Amar é ser fiel a quem nos trai”, cita Nelson Rodrigues a qualquer pessoa que tenha coragem suficiente para tocar no assunto. Afinal, passou a ser quase que um ponto de referência: “Seo Zé. O corno, sabe?”, “Logo ali depois da lojinha do Seo Zé, o corno”, e muitas outras.

            2 de janeiro de 2014, resolveu abrir a loja como todos os dias normais do ano, não se importando de ser o único aberto na região. Poderia viver mais um dia na solidão daquela cidade cinza, só não poderia viver a mais uma tarde de ócio sem o Bar Batana, o estabelecimento vizinho. Resolveu então, as 15:30, fechar as portas e voltar para casa. Dia e horário incomum, nem mesmo uma alma viva no tubo ou dentro do biarticulado. Esperava ansioso o momento de abrir a geladeira e terminar mais um dia com suas cervejas e um pouco de TV.
            Sentiu logo na esquina de sua rua que havia algo estranho. “Porque cargas d’água o Arantes está aqui uma hora dessas? Sabia que eu ia abrir a loja hoje!” questionou-se em voz alta ao avistar o carro do amigo estacionado em frente a sua casa. Entrou e foi direto a geladeira. Furioso, saiu em direção ao quarto sem sequer perceber o chapéu e a blusa do “cumpadi” jogados no sofá da sala. Abriu a porta e com apenas dois passos chegou ao baú antigo ao pé da cama (herdado de sua mãe, da época em que ainda vivia no campo e tomava aquele seu café gostoso!). Tirou o seu revólver 38, escondido embaixo de suas cuecas, e deu três tiros. Dois no peito de Arantes e um na perna de sua amada.
            “Filhos da puta! Me deixaram uma única cerveja...”

The Souljazz Orchestra - Inner Fire (2014)

"É jazz reggae, salsa, mambo com música oriental" by Ernandes Black, sobre a música Kingdom Come
Boa pirocada...

1. Initiation
2. Kingdom Come
3. One Life To Live
4. As The Crow Flies
5. Black Orchid
6. Agoya
7. East Flows the River
8. Sommet en Sommet
9. Celestial Blues
10. Completion

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

War - War (1971)

Boa pirocada...

1. Sun Oh Son
2. Lonely Feelin'
3. Back Home
4. War Drums
5. Vibeka
6. Fidel's Fantasy

sábado, 19 de outubro de 2013

Country Funk 1969-1975 (2012)

Uma das melhores coletâneas que eu já escutei.
Piroquem a vontade...

1. Dale Hawkins - L.A. Mephis Tyler Texas
2. John Randolph Marr - Hello L.A. Bye Bye Birmingham
3. Johnny Adams - Georgia Morning Dew
4. Mac Davis - Lucas  Was a Redneck
5. Bob Darin - Light Blue
6. Jim Ford - I Wana Make Her Love Me
7. Gray Fox - Hawg Frog
8. Link Wray - Fire and Brimstone
9. Bobby Charles - Street People
10. Cherokee - Funky Business
11. Tony Joe White - Studspider
12. Dennis The Fox - Piledriver
13. Larry John Wilson - Ohoopee River Bottomland
14. Bobbie Gentry - He Made A Woman Out of Me
15. Gritz - Bayou Country
16. Johnny Jenkins - I Walk on Gilded Splinters

sábado, 12 de outubro de 2013

Pequeno Cidadão - Pequeno Cidadão (2009)

Homenagem aos meus sobrinhos Bento e Stella e à todas as crianças
Boa pirocada!

1. Pequeno Cidadão
2. O Sol e a Lua
3. Meu Anjinho
4. Futezinho
5. O "X"
6. Tchau Chupeta
7. Sapo-Boi
8. Leitinho
9. Larga a Lagartixa
10. Uirapuru
11. Sobe Desce
12. Bonequinha do Papai
13. Carrinho Por Trás